março 05, 2009
Os limites? Os limites abrigam o indivíduo
O título é sugestivo! Deve-se acrescentar, limites na educação de crianças e jovens.
É um tema dificil e muitas vezes polémico - é certo e sabido que não existem receitas universais ou infalíveis, ou ainda acima de qualquer juizo de valor, seja este associado com a moral, a ética ou mesmo, de cariz religioso.
Trata-se acima de tudo de uma questão cultural, onde o tradicional "não olhes para o que eu faço, mas sim para o que digo" funciona claramente ao contrário - quer isto dizer que o comportamento e o exemplo são o modelo a seguir para os mais novos.
Recebi um texto de Mónica Monasterio que reporta uma queixa muito comum aos Pais de hoje e que pode bem ser algo com que muitos de nós se identificam...
É ler para crer e quem sabe, comentar!
Somos a última geração de filhos que obedeceram aos pais e a primeira geração de pais que obedecem aos filhos...
Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história.
O grave é que estamos lidando com crianças mais 'espertas', ousadas, agressivas e poderosas do que nunca. Parece que, na tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos... Os últimos que tiveram medo dos pais e os primeiros que temem os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E, o que é pior, os últimos que respeitaram os pais e os primeiros que aceitam (às vezes sem escolha...) que os nossos filhos nos faltem ao respeito.
À medida em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.
Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem.
E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas ideias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, que os patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer; os papéis se inverteram, e agora são os pais quem têm que agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e 'dar tudo a seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem.
Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo dos seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão. Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.
É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual se está a afundar uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Os limites abrigam o indivíduo.
Mónica Monasterio - Espanha
É um tema dificil e muitas vezes polémico - é certo e sabido que não existem receitas universais ou infalíveis, ou ainda acima de qualquer juizo de valor, seja este associado com a moral, a ética ou mesmo, de cariz religioso.
Trata-se acima de tudo de uma questão cultural, onde o tradicional "não olhes para o que eu faço, mas sim para o que digo" funciona claramente ao contrário - quer isto dizer que o comportamento e o exemplo são o modelo a seguir para os mais novos.
Recebi um texto de Mónica Monasterio que reporta uma queixa muito comum aos Pais de hoje e que pode bem ser algo com que muitos de nós se identificam...
É ler para crer e quem sabe, comentar!
Somos a última geração de filhos que obedeceram aos pais e a primeira geração de pais que obedecem aos filhos...
Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história.
O grave é que estamos lidando com crianças mais 'espertas', ousadas, agressivas e poderosas do que nunca. Parece que, na tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos... Os últimos que tiveram medo dos pais e os primeiros que temem os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E, o que é pior, os últimos que respeitaram os pais e os primeiros que aceitam (às vezes sem escolha...) que os nossos filhos nos faltem ao respeito.
À medida em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.
Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem.
E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas ideias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, que os patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer; os papéis se inverteram, e agora são os pais quem têm que agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e 'dar tudo a seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem.
Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo dos seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão. Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.
É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual se está a afundar uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Os limites abrigam o indivíduo.
Mónica Monasterio - Espanha
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