maio 18, 2007
Ser professor universitário
Nem sempre é fácil...
De qualquer modo, ser docente universitário é bem mais fácil.
Limitar a actividade às aulas é perigoso e redutor. Face a Bolonha, tal deixou de ser verdadeiramente possível. O contacto com os alunos, a avaliação, a produção de conteúdos, a elaboração de estratégias e desenvolvimento de contextos de ensino/aprendizagem, o acompanhamento de estágios (quer aos alunos, quer às empresas), o trabalho de supervisão a alunos de licenciatura - perdão! 1º ciclo (as conhecidas monografias); a alunos de mestrado, perdão 2º ciclo (as conhecidas dissertações) e a alunos de doutoramento, perdão 3º ciclo são mais uns pontos a acrescentar a tantos outros.
Mas há mais! A gestão de tempo e de contactos para os júris de estágios, monografias, mestrados e doutouramento e visitas a empresas de alunos em estágio (isto vai rapidamente tornar-se um estrangulamente para o ensino superior).
O trabalho administrativo e o os cargos nos orgãos das universidades.
As tertúlias, os encontros e os workshops, as conferências, eventos nacionais e estrangeiros e respectivas deslocações...
...e ainda não falamos da actividade científica desde a elaboração de projectos, sua submissão e estudo de dossiers. Posteriormente a sua produção, acompanhamento e avaliação. A coordenação de equipas e a realização de trabalho efectivo de investigação e desenvolvimento. Esperar por aquisições, ciclos de decisão, prazos e janelas de oportunidades, disponibilização efectiva de verbas e lidar com os aspectos burocráticos associados com as compras...
Temos ainda a escrita de apontamentos, de conteúdos diversos para fins digitais e analógicos, os artigos científicos e os relatórios de trabalho. Livros, publicações avulsas, pequenos textos ou artigos para revistas e jornais... ...entrevistas e o famoso uso do telemóvel (são umas horinhas...)
E é necessário ainda considerar o estudo, a leitura e a participação em eventos de representação, de divulgação e de serviço à comunidade, incluindo em muitos casos, intervenção cívica e social realizada de diversas formas na comunidade onde se trabalha e se vive, ou se estabelecem laços de relacionamento.
Por tudo isto, um professor universitário NÃO É um docente universitário.
Os primeiros constituem espécimes dignos de respeito e são raros: quem são?, onde estão?, quantos existem?
Será que os celebramos? ... e numa perspectiva mais social, que tiramos verdadeiro partido da sua existência nas nossas escolas?
Creio firmemente que possuem um papel importante na nossa sociedade, quer na defesa e na preservação do conhecimento, quer na capacidade de formação avançada que potenciam.
Até porque estes, pela sua prática podem educar mais do que ensinar e assim poderemos todos beneficiar da sua existência - dos poucos que temos. Afinal, ideias e invenções temos muitas na nossa sociedade, mas potencial para a inovação (que se alicerça no conhecimento) esse é bem mais raro e exige um esforço colectivo e uma infra estrutura humana que eu, pessoalmente, associo aos Professores Universitários.
O estatuto da carreira docente do ensino superior pode ser um passo no sentido de perceber se queremos ter professores universitários ou docentes universitários. Trata-se de uma escolha (e também de uma oportunidade) histórica.
Esperemos que não vença essa tão lusitana e bacoca preguiça que a todos nós, de quando em vez, nos assola e que nos permite pensar noutras tantas coisas, como agora, que o tempo está quente e que está na altura de tratar das férias.
De qualquer modo, ser docente universitário é bem mais fácil.
Limitar a actividade às aulas é perigoso e redutor. Face a Bolonha, tal deixou de ser verdadeiramente possível. O contacto com os alunos, a avaliação, a produção de conteúdos, a elaboração de estratégias e desenvolvimento de contextos de ensino/aprendizagem, o acompanhamento de estágios (quer aos alunos, quer às empresas), o trabalho de supervisão a alunos de licenciatura - perdão! 1º ciclo (as conhecidas monografias); a alunos de mestrado, perdão 2º ciclo (as conhecidas dissertações) e a alunos de doutoramento, perdão 3º ciclo são mais uns pontos a acrescentar a tantos outros.
Mas há mais! A gestão de tempo e de contactos para os júris de estágios, monografias, mestrados e doutouramento e visitas a empresas de alunos em estágio (isto vai rapidamente tornar-se um estrangulamente para o ensino superior).
O trabalho administrativo e o os cargos nos orgãos das universidades.
As tertúlias, os encontros e os workshops, as conferências, eventos nacionais e estrangeiros e respectivas deslocações...
...e ainda não falamos da actividade científica desde a elaboração de projectos, sua submissão e estudo de dossiers. Posteriormente a sua produção, acompanhamento e avaliação. A coordenação de equipas e a realização de trabalho efectivo de investigação e desenvolvimento. Esperar por aquisições, ciclos de decisão, prazos e janelas de oportunidades, disponibilização efectiva de verbas e lidar com os aspectos burocráticos associados com as compras...
Temos ainda a escrita de apontamentos, de conteúdos diversos para fins digitais e analógicos, os artigos científicos e os relatórios de trabalho. Livros, publicações avulsas, pequenos textos ou artigos para revistas e jornais... ...entrevistas e o famoso uso do telemóvel (são umas horinhas...)
E é necessário ainda considerar o estudo, a leitura e a participação em eventos de representação, de divulgação e de serviço à comunidade, incluindo em muitos casos, intervenção cívica e social realizada de diversas formas na comunidade onde se trabalha e se vive, ou se estabelecem laços de relacionamento.
Por tudo isto, um professor universitário NÃO É um docente universitário.
Os primeiros constituem espécimes dignos de respeito e são raros: quem são?, onde estão?, quantos existem?
Será que os celebramos? ... e numa perspectiva mais social, que tiramos verdadeiro partido da sua existência nas nossas escolas?
Creio firmemente que possuem um papel importante na nossa sociedade, quer na defesa e na preservação do conhecimento, quer na capacidade de formação avançada que potenciam.
Até porque estes, pela sua prática podem educar mais do que ensinar e assim poderemos todos beneficiar da sua existência - dos poucos que temos. Afinal, ideias e invenções temos muitas na nossa sociedade, mas potencial para a inovação (que se alicerça no conhecimento) esse é bem mais raro e exige um esforço colectivo e uma infra estrutura humana que eu, pessoalmente, associo aos Professores Universitários.
O estatuto da carreira docente do ensino superior pode ser um passo no sentido de perceber se queremos ter professores universitários ou docentes universitários. Trata-se de uma escolha (e também de uma oportunidade) histórica.
Esperemos que não vença essa tão lusitana e bacoca preguiça que a todos nós, de quando em vez, nos assola e que nos permite pensar noutras tantas coisas, como agora, que o tempo está quente e que está na altura de tratar das férias.
Etiquetas: ensino superior
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